sexta-feira, 24 de outubro de 2014

ENFIM ... NÓS!

Está chegando ao fim, os horários e movimentos eleitorais do ano de 2014. Na próxima semana, restará  apenas nós! Nós o povo eleitor trabalhador!
Aos poucos esqueceremos as promessas, as brigas, os xingamentos, os abraços, as faixas, os santinhos e os debates televisivos. Só  restará apenas nós! O povo brasileiro!
Dia 27 de outubro teremos um novo governo ou um velho governo que tentará se vestir de novo. Conheceremos os ministros, os chefes de gabinetes, os assessores e toda a corte  que irá usufruir de quatro anos de vida boa. A partir daí, só restará: nós! Os habitantes das cinco regiões brasileiras!
Quando novembro chegar, já teremos esquecido tudo que nos foi prometido, os apertos de mão e os discursos inflamados. Só nós restaremos! Nós nas filas dos hospitais; nós que vivemos apavorados com a violência; nós o pacato povo do Brasil!
Quando, no dia 25 de dezembro, chegar o Natal, faremos nossas compras com o 13º salário, usaremos cartões de crédito, faremos dívidas para não deixar de festejar o nascimento de Jesus. Pagaremos mais caro, por tudo que comprarmos e então em 2015, nós pagaremos as contas e os pecados, fazendo horas extras no trabalho. Nós, apenas nós!
No dia da posse dos eleitos, eles estarão felizes com as suas faixas e fotografias. Em suas contas bancárias haverá gordos salários, enquanto nós, teremos usado o cheque especial, estaremos no vermelho e renovando empréstimos. Nós, apenas nós, sozinhos teremos que enfrentar as feras a matá-las todos os dias.
No carnaval, quando os tamborins repicarem na avenida, nós nem lembraremos mais o nome dos senadores e dos deputados, apenas saberemos que no palácio do Planalto haverá alguém dançando e cantando, gozando de conforto, planejando viagens e elaborando projetos para garantir-lhe uma aposentaria confortável para toda a sua corte.  Nós?   Nós estaremos rebolando para sobreviver!
E assim se passarão mais quatro anos. Nós continuaremos acreditando que dias melhores virão, que as águas do rio São Francisco, já estarão correndo pelas terras secas do nordeste, que choveu no sudeste e a crise da água terminou. Nós, já teremos quitado dívidas antigas e provavelmente já fizemos outras. Os preços provavelmente já subiram várias vezes e nós nem questionaremos mais, o preço da carne e do tomate. Reduziremos a quantidade no prato e continuaremos a viver, acreditando que algum dia, chegará o Salvador e nos resgatará. Enquanto isto não acontece, nós viveremos a sós na luta pela sobrevivência, esperando que um dia aconteça um milagre e que possamos sentir que chegou a nossa vez, a vez do povão trabalhador, e como  recém - casados possamos dizer: enfim nós!
Edison Borba

Nenhum comentário:

Postar um comentário