quarta-feira, 1 de outubro de 2014

SAUDADE DO LADRÃO DE GALINHAS

Houve tempo, aqui no Brasil, que a maior que ameaça as famílias era o ladrão de galinhas. Aproveitando a distração dos “guardas noturnos”, que circulavam pelas ruas da cidade, usando apitos para avisarem de sua presença, as “penosas” eram alvos constantes dos meliantes. Era época em que malandro frequentava o botequim de esquina, usava calça branca e quando brigava, poderia usar uma navalha. Os grandes roubos eram apenas retratados pelo cinema ou nas radionovelas e os políticos gozavam de alguma credibilidade. Se havia desvio de verbas, era discretamente e  não chegava ao conhecimento da população.

Os tempos mudaram, a tecnologia sofisticou o crime e os ladrões caminham livremente usando paletó e gravata. A navalha foi trocada por armas de alto poder destrutivo e estão nas mãos dos traficantes.
A sofisticação da sociedade  trouxe uma escala social que classifica a bandidagem.
No alto da escala, estão os bandidos  classe A. Eles circulam  livremente pelos palácios, frequentam festas elegantes, saem em capas de revistas e são eleitos pelo processo democrático. Estão garantidos pelos direitos parlamentares, possuem contas bancárias em outros países. Neste grupo, além de políticos  encontram-se empresários e funcionários do alto escalão do governo e algumas celebridades.
O grupo classe B, contém secretárias e assessores de grandes empresas ou de importantes políticos e os  traficantes que mesmo não sendo recebidos nos salões da alta sociedade  possuem altas congas bancárias.
Na classe C, são os que ocupam  as comunidades, controlam o tráfico local, abastecem as classes A e B com substâncias químicas (drogas) para garantir a alegria nas festas e baladas frequentadas por uma  juventude saudável malhada em academias que frequenta universidades e são considerados descolados. Aqui também estão os golpistas e os vigaristas.
Na classe C, estão aqueles que trabalham na linha de frente do mercado dos tóxicos, aplicam golpes de saidinha de bancos, frequentam shoppings, usam roupas de “marca” compradas  nas  feiras e nas bancas dos camelôs, usam as redes de internet para mostrarem seu poder e conquistam as “minas” nas comunidades.
Finalmente encontra-se na classe D o grupo considerado  “pé de chinelo”, ladrões de calçada, em grande parte são “di menor”. Ágeis, correm como lebres após descolarem uma bolsa ou colar de madame, e  quando saem nos jornais, geralmente usam uma tarja preta nos olhos ou estão com seus corpos cobertos por jornais.
Que saudade do ladrão de galinha, cujo objetivo era conseguir para o almoço de domingo, uma galinha, para fazer um ensopado com batata e comemorar com os amigos, bebendo muita cerveja gelada.
Edison Borba

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