Os
dicionários informam que trote, significa brincadeira, travessura e nas universidades
uma forma alegre de recepcionar os novos estudantes, os calouros. Porém, o que
temos acompanhado nos últimos anos é a transformação da travessura e alegria em
vandalismo, violência, ridicularização, preconceito e até assassinatos. O que
torna a situação ainda mais grave é a omissão das reitorias e dos mestres que
atuam nas instituições onde as atrocidades acontecem. Apesar dos casos
tornarem-se públicos, serem noticiados em jornais revistas e telejornais, o
silêncio e a indiferença são uma constante. Nada é feito para punir os
malfeitores, que travestidos de universitários, dão vazão aos seus instintos
animalescos. É horrível imaginarmos que esses monstros um dia serão médicos,
engenheiros, nutricionistas, professores, enfermeiros e outros profissionais
diplomados, pelas mais respeitadas instituições do país.
É constrangedor
imaginarmos que em 1999, o estudante Edison Tsung Chi Hsueh, calouro da
Faculdade de Medicina da USP, foi encontrado morto após um churrasco de boas
vindas, no Campus Universitário e até hoje o seu assassinato não foi apurado
devidamente.
Na
Faculdade de Medicina da PUC, em Sorocaba, veteranos atearam fogo no corpo do
estudante Rodrigo Favoretto Peccinini. O caso foi arquivado e os monstros
continuaram a frequentar as aulas normalmente.
Em Leme,
no interior de São Paulo, o estudante Bruno César Ferreira, entrou em como
alcoólico depois de ter sido obrigado a ingerir grandes quantidades de bebidas
alcoólicas durante um trote. Além da situação de alcoolismo, o jovem também foi
espancado.
Na UNIFEUB (Centro Universitário da
Fundação Educacional de Barretos), sete estudantes foram agredidos por
veteranos com o produto químico: criolina. Os estudantes tiveram seus corpos
queimados pela substância química. O caso que aconteceu em fevereiro de 2010, foi arquivado.
Em Fernandópolis, interior de São
Paulo, também em 2010, um calouro de 18 anos foi agredido fisicamente e
obrigado a ingerir etanol. Mais um caso que foi parar no arquivo.
Na UNESP (Universidade Estadual
Paulista) um trote conhecido como “Rodeio das Gordas”. A violência consistia em
agarrar calouras, de preferência as mais gordinhas, e simular um rodeio,
subindo sobre a vítima. Este triste e
criminoso acontecimento aconteceu numa Instituição respeitada de São Paulo em
2010.
Em Brasília, veteranos da Faculdade
de Agronomia e Veterinária (Universidade de Brasília) obrigaram as calouras,
lamberem uma linguiça , encapada com uma camisinha, e coberta com leite condensado. Este
deprimente acontecimento aconteceu em 2011, numa sessão de humilhação e
constrangimento. Nenhuma providência foi tomada.
Baldes com fezes de animais foram atirados sobre os calouros da UNIVAST
(Universidade Federal do Vale do São Francisco). Os jovens estudantes estavam
amarrados uns aos outros e o caso também foi ignorado.
Em Bagé, RS, um calouro de 17 anos
foi encontrado pela mãe, abandonado em uma praça da cidade em coma alcoólica após
ser obrigado a ingerir bebida alcoólica numa festa para calouros produzida
pelos alunos de engenharia de produção da Unipampa (Universidade Federal do
Pampa). A universidade prometeu investigar o caso.
Outros casos de terrorismo,
travestido com o nome de trote, aconteceu em várias Universidades do Brasil. Uma
vergonha para as instituições e um ultraje para as famílias das vítimas.
Instituições repletas de Mestres, Professores, Doutores e Pesquisadores não
podem admitir que cenas como estas continuem a acontecer.
Em 2011, uma jovem caloura foi estuprada ao
participar de uma festa tradicional da Faculdade de Medicina da USP
(Universidade de São Paulo), desde o ocorrido a estudante busca por uma
solução, e uma forma de punir o bandido, mas até hoje nada foi providenciado.
Até quando as Instituições se manterão omissas?
Edison Borba
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