terça-feira, 19 de agosto de 2014

BARBÁRIES NAS UNIVERSIDADES - TROTES?

         Os dicionários informam que trote, significa  brincadeira, travessura e nas universidades uma forma alegre de recepcionar os novos estudantes, os calouros. Porém, o que temos acompanhado nos últimos anos é a transformação da travessura e alegria em vandalismo, violência, ridicularização, preconceito e até assassinatos. O que torna a situação ainda mais grave é a omissão das reitorias e dos mestres que atuam nas instituições onde as atrocidades acontecem. Apesar dos casos tornarem-se públicos, serem noticiados em jornais revistas e telejornais, o silêncio e a indiferença são uma constante. Nada é feito para punir os malfeitores, que travestidos de universitários, dão vazão aos seus instintos animalescos. É horrível imaginarmos que esses monstros um dia serão médicos, engenheiros, nutricionistas, professores, enfermeiros e outros profissionais diplomados, pelas mais respeitadas instituições do país.
É constrangedor imaginarmos que em 1999, o estudante Edison Tsung Chi Hsueh, calouro da Faculdade de Medicina da USP, foi encontrado morto após um churrasco de boas vindas, no Campus Universitário e até hoje o seu assassinato não foi apurado devidamente.
Na Faculdade de Medicina da PUC, em Sorocaba, veteranos atearam fogo no corpo do estudante Rodrigo Favoretto Peccinini. O caso foi arquivado e os monstros continuaram a frequentar as aulas normalmente.
Em Leme, no interior de São Paulo, o estudante Bruno César Ferreira, entrou em como alcoólico depois de ter sido obrigado a ingerir grandes quantidades de bebidas alcoólicas durante um trote. Além da situação de alcoolismo, o jovem também foi espancado.
            Na UNIFEUB (Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos), sete estudantes foram agredidos por veteranos com o produto químico: criolina. Os estudantes tiveram seus corpos queimados pela substância química. O caso que aconteceu em fevereiro de  2010, foi arquivado.
            Em Fernandópolis, interior de São Paulo, também em 2010, um calouro de 18 anos foi agredido fisicamente e obrigado a ingerir etanol. Mais um caso que foi parar no arquivo.
            Na UNESP (Universidade Estadual Paulista) um trote conhecido como “Rodeio das Gordas”. A violência consistia em agarrar calouras, de preferência as mais gordinhas, e simular um rodeio, subindo sobre a vítima. Este  triste e criminoso acontecimento aconteceu numa Instituição respeitada de São Paulo em 2010.
            Em Brasília, veteranos da Faculdade de Agronomia e Veterinária (Universidade de Brasília) obrigaram as calouras, lamberem uma linguiça , encapada com uma camisinha,  e coberta com leite condensado. Este deprimente acontecimento aconteceu em 2011, numa sessão de humilhação e constrangimento. Nenhuma providência foi tomada.
            Baldes com fezes de animais  foram atirados sobre os calouros da UNIVAST (Universidade Federal do Vale do São Francisco). Os jovens estudantes estavam amarrados uns aos outros e o caso também foi ignorado.
            Em Bagé, RS, um calouro de 17 anos foi encontrado pela mãe, abandonado em uma praça da cidade em coma alcoólica após ser obrigado a ingerir bebida alcoólica numa festa para calouros produzida pelos alunos de engenharia de produção da Unipampa (Universidade Federal do Pampa). A universidade prometeu investigar o caso.
            Outros casos de terrorismo, travestido com o nome de trote, aconteceu em várias Universidades do Brasil. Uma vergonha para as instituições e um ultraje para as famílias das vítimas. Instituições repletas de Mestres, Professores, Doutores e Pesquisadores não podem admitir que cenas como estas  continuem a acontecer.
             Em 2011, uma jovem caloura foi estuprada ao participar de uma festa tradicional da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), desde o ocorrido a estudante busca por uma solução, e uma forma de punir o bandido, mas até hoje nada foi providenciado.
            Até quando as Instituições se manterão omissas?
Edison Borba

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