quinta-feira, 28 de agosto de 2014

"HORINHAS DE DESCUIDO"

A ONU, através de uma resolução, reconhece que os seres humanos; tem o direito à felicidade, ou pelo menos buscá-la. Será que esse sentimento poderá ser alcançado através de uma imposição legal? Mas o que realmente é felicidade?
Buda, líder religioso assim a define: - “Milhares de velas podem ser acesas de uma única vela e a vela não será encurtada. Felicidade nunca diminui ao ser “compartilhada”. Para esse grande líder, trata-se de “algo” que ao ser dividido e partilhado não diminui.
Para o francês Voltaire, “é a única coisa que podemos dar sem possuir”. Incrível essa observação. Fica bem claro neste pensamento, que não estamos lidando com algo material.
Porém, analisando a resolução da ONU, percebemos que o decreto parte do princípio, que os habitantes de uma comunidade carente, serão menos felizes do que os moradores de outra, de grande poder aquisitivo. Esse pressuposto não pode ser rejeitado. Existem situações básicas para a espécie humana, que deveriam ser parte integrante da vida de todos. Higiene, educação, saúde, alimentação e moradia digna, são alguns fatores que mesmo não sendo responsáveis pelo sentimento de felicidade, melhoram as condições de sobrevivência de qualquer cidadão, propiciando a manifestação desse sentimento. É difícil ser feliz com a barriga vazia e devendo aluguel.
Aqui no Brasil, já se pensa numa proposta que coloca para o Estado a responsabilidade da felicidade dos cidadãos. Claro, que os seus autores, se baseiam na sobrevivência biológica. Na satisfação de princípios básicos para a manutenção da saúde e do bem estar. Visto dessa forma, essa proposição, apesar de filosoficamente não corresponder à realidade, usa de artifícios para obrigar o País a tratar de forma digna o seu povo.
Mas o que é felicidade? Guimarães Rosa nos diz o seguinte: -“Felicidade se acha é em horinhas de descuido”. Lindo! Não se planeja ser feliz. Esse sentimento surge sem que estejamos esperando por ele. Vinicius de Morais a definiu maravilhosamente: -“A felicidade é como a pluma que o vento vai levando pelo ar. Voa tão leve, mas tem a vida breve”. Aparece nas horinhas de descuido e quando nos damos conta, já passou. Ela é o caminho e não a chegada. É tão simples e sutil que só a percebemos, quando a perdemos. Está em cada um de nós e não há como descrevê-la. Pode estar no abraço do amigo, no sabor de um chocolate, no beijo apaixonado, na liberdade de pensar ou na conquista de um objetivo. Cada um tem a sua própria forma de ser feliz! É algo que chega sem que estejamos esperando e numa fração de segundos, nos abandona.
Mesmo com contradições, a ONU, através de uma resolução, nos forçou a refletir sobre as diferenças sociais encontradas em nosso mundo. Melhorar as condições de vida de milhões de seres humanos poderá não lhes garantir o sentimento de felicidade, mas pelo menos irá melhorar o caminho a ser percorrido para consegui-la.
E para você? O que é felicidade?
Edison Borba

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