Diariamente somos
torpedeados por receitas milagrosas para emagrecer, manter a juventude e a
memória, ajudar na sexualidade, evitar
os males cerebrais e tantas outras questões. O que é bom num dia torna-se vilão
na semana seguinte. Receitas da vovó são reavaliadas enquanto outras são
repudiadas. Nas academias o suor escorre pelo corpo daqueles que buscam a
silhueta perfeita. A luta pela manutenção da juventude é mania de um grande
número de pessoas. As dietas entram e saem de moda, numa roda viva guiada pelos
atores e atrizes que juram ter perdido muitos quilos apenas comendo folhas
verdes, como costumam fazer os coelhos. Do outro lado da vida encontramos
àqueles que comem e bebem sem nenhuma restrição. Feijoada, rabada, churrasco, buchada
e muita cerveja fazendo a festa, na qual não podem faltar as linguiças e
batatas fritas, sempre com muita gordura. Homens e mulheres que não se importam
com a estética e exibem felizes seus gordos corpos. Pessoas cujas preocupações
com colesterol e glicose passam longe de suas vidas. Constantemente ameaçados
pelos cardiologistas eles seguem vivendo felizes e engordurados. Porém do outro
lado da fita existe um enorme grupo de gente que não tem o que comer. Com eles
não existe preocupação com estética, colesterol bom ou mau e a glicose. A maior
preocupação deste grupo é ter o que comer a cada dia. Remexendo em latas de
lixo, buscando restos que sobram dos engordurados ou dos que fazem dieta, eles
tentam diariamente manter suas energias com o que sobra dos pratos alheios.
Essa população não frequenta academias e nem faz churrasco na laje. Não tem
tempo para as dietas dos famosos e nem descolam uma cervejinha gelada. Os seus
estômagos é que regem as suas vontades e dosam as suas necessidades. Mantêm a
forma caminhando diariamente à procura do que sobrou dos bares e restaurantes.
Disputam nos lixões com os urubus, o almoço e o jantar. Três exemplos de seres
e suas relações alimentares. Três situações diferentes. Três contrastes. Ter e
não comer. Comer e comer sem regras. Não ter e querer comer. Diariamente eles
se cruzam nas ruas. Diariamente eles sobrevivem através de uma estranha relação
alimentar. Diariamente ...
Edison Borba
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