sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

BICHOS DO JOGO

Conta à história que o jogo do bicho, nasceu em 1892, a partir de uma idéia do Senhor João Batista Drummond, que foi o fundador e  proprietário do antigo Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, situado no bairro de  Vila Isabel.
Uma brincadeira “inocente”, cujo objetivo era atrair mais visitantes ao parque. Um entre  os vinte e cinco bichos, existentes no zoo,  era  coberto por um pano. Ao final do dia, o animal secreto era revelado e o visitante que tivesse a figura desse animal impressa em seu bilhete ganhava um prêmio em dinheiro.
As mentes criativas usaram a idéia de Drummond e associaram os bichos a números da loteria e dessa forma, nasceu o Jogo do Bicho, que passou a ser praticado fora do zoológico. A artimanha foi de tal maneira aceita pela população, que o Rio de Janeiro, chegou a ser conhecido como a capital do Jogo do Bicho.
E como criatividade é o que não falta ao povo, logo começaram a surgir as relações dos animais com acontecimentos, sonhos e superstições. Bastava morrer alguém para que o número da sepultura fosse anotado para garantir a “fézinha” do dia seguinte.
Nada mais escapava  aos adeptos a esse “esporte” animal.
Em 1979, a Escola de Samba Beija Flor de Nilópolis, trouxe para a avenida um incrível samba do Neguinho, que revelava diversas possibilidades para os jogadores.
Sonhar com anjo é borboleta. Se for com rei, joga no leão. Jogue no coelho, se nos seus sonhos aparecerem uma “filharada”.  E se for com gente teimosa é certo que dará burrinho.
São Jorge, também conhecido como Ogum guerreiro, é campeão de apostas no mês de abril. No dia 23 a cotação do cavalo sobe mais do que título em bolsa de valores. E assim a religiosidade também foi incorporada na lista dos jogadores. Tudo é motivo para se fazer uma aposta. Número da chapa do veículo que se chocou contra o poste. A idade (invertida) da mulher do amigo. Número da identidade. Dia, mês e ano do nascimento do neto. Número de túmulos.  Invertidos, cercados, amarrados pelos sete lados são inspirações que os adeptos, garantem que dá certo. E nesse mundo de sonhos e espectativas, as sogras fazem subir a cotação das cobras. E assim, cada bicho contribui para as imaginações férteis, acharem uma correlação entre o animal e o número da sorte. Jogar invertido às vezes é o que funciona. Sonhou com 487, mas tem que jogar no 784, por que no sonho, a placa do carro apareceu virada de cabeça para baixo. Acompanhar o número por três dias. Dizem que a “dica” de um sonho ou intuição tem tempo de validade.



Avestruz, águia, burro, borboleta, cachorro, cabra, carneiro, camelo, cobra, coelho, cavalo, elefante, galo, gato, jacaré, leão, macaco, porco, pavão,  peru,  touro, tigre, urso, veado e vaca estão sempre  nos sonhos e palpites dos que acreditam poder “enricar” através de uma aposta.Vinte e cinco bichos, milhares de apostadores e milhões de sonhos.  Porém, o Jogo do Bicho caiu na marginalidade. Foi parar em mãos inescrupulosas que manipulam a sorte. Fazem as roletas girarem conforme as suas vontades. E foi assim que o “bicho pegou”. Policiais, espertos como tigres, com olhos de águias deram o bote, deixando bicheiros e apostadores como carneiros. Quem quiser  cantar de galo e  rugir como tigre, vai  parar na jaula do leão. Não adianta esconder a cabeça como um avestruz, porque os delegados estão prontos para dar aquele abraço de “urso”.
Em rio que tem piranha jacaré nada de costas!

Edison Borba














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