segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

CICATRIZES

Não quero chorar a mocidade finda/

Pois ainda arde, em mim, desejos fortes/

Como a primavera, floresço a cada dia/
Encho meu coração de sonhos e me devoro em chamas/

Pensando em meu amor, luto com as feras/

Que me dilaceram, o corpo, rasgando minhas carnes/
Em vontades loucas sangro as feridas/

Lembranças das noites nas quais me consumi/

Entregando-me sem falar palavra/
Entre  as delícias dos pecados/

E as dores nos prazeres das torturas/

Olho pela janela, vidraça empoeirada/

Tento sair para te encontrar em estradas/
Lembro da nossa intimidade mórbida/

Dois seres que se amaram em pacto de sangue/

Se devoraram e se consumiram/

Na busca da paixão mais insana e santa/
Estou sozinho em meu leito triste/

Ardendo por você, estranho amor/

Não  sei por onde andas, em que estradas vives/
Não choro as penas nem os desvarios/

Exibo os troféus desse amor macabro/

Que na tortura nos levava ao gozo/
Do céu ao inferno num segundo íamos/

Infinito amor deixou marcas profundas/

Cicatrizes lindas para toda a vida/

                        Edison Borba



Um comentário:

  1. Maravilhoso!!!Parabéns mais uma vez professor. Que sensibilidade para escrever.bjin

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