quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

SAUDOSOS FANTASMAS

Quando os relógios soam as doze badaladas da meia noite, alguns fantasmas, que povoam principalmente as mentes dos noveleiros, criam energia e circulam pelo espaço, que eles já ocuparam por meses e meses em nossas vidas.
Desde a época das rádios novelas, esses seres entram em nossas casas, fazem parte das nossas intimidades, interferindo e provocando emoções.
Alguns dominaram com mais força os imaginários da população. Considerados personagens principais, roubavam as cenas, porém os menos importantes garantiam que a história pudesse ter sentido. Sem eles os folhetins não fariam sucesso. Portanto, todos formam uma grande sociedade “astral” que agora só ganham vida quando, por algum motivo permitimos que eles saiam dos baús das lembranças.
Os mais saudosistas ainda devem lembrar a carinhosa mamãe Dolores, que migrou das rádios para as televisões mantendo por muito tempo, como segredo total e absoluto, a identidade do pai do Albertinho.

Fantasmas do bem  ocupam nossos corações e mentes: Zarolha, dona Redonda, Tonha, Carmosina, Mina, Maria Igarapé, viveram em torno das Tietas,   Porcinas e Maria Machadão. Eles são milhares, espalhados por todo o mundo, falando diversos idiomas e levando entretenimento a muitos lares.

Alguns existiram em dose dupla, os gêmeos. Capítulos e capítulos de suspense. O bom e o mau. Brigas e escolhas semelhantes. Criados juntos ou separados, quando aparecem em nossas noites, é  garantia de emoção duplicada.

Ninete e Buba causaram confusão quanto às suas identidades. Personagens estranhos cuja presença foi mais polêmica que as irmãs Cajazeiras.

A lista dos fantasmas “Gasparzinho” é maior do que a “outra”, liderada por Nazaré Tedesco, e sua inseparável tesoura, seguida por Perpétua e Odete Roitman. Qual delas é a mais terrível? Elas surgem em nossos pesadelos, nos causando arrepios.

Os ecológicos também tiveram sua hora e, “vez em quando”, aparecem com seus berrantes nas nossas madrugadas. Juma Marruá, véio do rio, Ana Raio acompanhada do Zé Trovão embarcam na chalana junto com Jove, Maria Bruaca, Xéreu e Filó. Entre jacarés, piranhas, sucuris, onças e pássaros esses doces fantasminhas passaram noites e noites em nossos lares, e nos conduziram por belas paisagens brasileiras.

Dona Milú e seus mistérios.  Bafo de bode. As rolinhas do coronel. Rodésio. Zé das Medalhas. Dona Coló. Mocinha Abelha. Magdalena. Bela (a feia). Heleninha. Tonho da Lua. ”Seu Nacif”. Todos nos trazem boas lembranças.

A moça da janela. Coronel Melke. Isaura, a escrava. O implacável coronel Leôncio. Esses e muitos outros ainda estão passeando pelos nossos sonhos e sonos, porque eles, quando existiram, nós estávamos com outra idade e vivíamos outros momentos.

Saindo dos baús, caindo de escadas, mergulhando em rios, chorando, sorrindo, amando, casando e descasando e até fugindo dos altares, esses seres maravilhosos ainda irão viver em nossos corações.

Entre todos,  um se destaca pelos discursos inflamados, cheio dos entretantos e finalmentes, coronel Paraguaçu, o querido das Cajazeiras Dorotéia, Dulcinéia e Judicéia o mais amado entre tantos outros Bem Amados.

Sejam bem vindos, saudosos fantasmas, que suas presenças permaneçam sempre na história da dramaturgia mundial.

Edison Borba

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