quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

CLAUDIONOR, O NOEL

Homem trabalhador, honesto, equilibrado, bom pai e marido. Casado há onze anos com Geruza (com z), mulher de seios fartos, ancas largas e bela cabeleira negra. Dona de um lindo sorriso e mãos mágicas, para cozinhar e acarinhar o seu amado. Claudionor, sempre foi um cidadão sério e,  cumpridor de seus deveres. Jamais se envolveu com algo que pudesse desabonar a sua conduta. Claudionor era um cidadão de bem e do bem. Um exemplo para toda a sua comunidade.
Seus cinco filhos, o mais velho com dez anos e o menor com apenas dois, nunca tiveram o prazer da presença do pai durante a ceia de Natal. Ele aproveitava essa data, para aumentar a renda familiar, fazendo horas extras. Dessa forma, algumas despesas  poderiam ser contornadas. Os anos passaram e a família de Claudionor, já estava habituada com a sua ausência. Esposa, filhos, parentes e amigos já estavam acostumados a fazer a ceia sem a sua presença. Porém, nosso herói arquitetou um plano, para surpreender a todos neste Natal. Procurou uma loja especializada e comprou uma fantasia de Papai Noel. Um traje completo, que ele escondeu no armário do seu local de trabalho.
Manhã de 24 de dezembro, Claudionor sai para cumprir mais uma jornada profissional. Despediu-se das crianças, até abraçou a sogra, que chegara com antecedência para a grande noite,  beijou sua Geruza (com z). Um beijo com sabor de rabanada, que ela havia preparado e separado algumas para ele levar junto com sua marmita.
Horas passaram, até chegar o momento de colocar em prática o ardiloso plano. Claudionor, contava os minutos em seu relógio. Finalmente, chegou a hora. Vestiu a roupa de veludo vermelho, calçou botas de couro, luvas, barba postiça e até um gorro, para ficar parecido com um Noel de verdade. Além de toda essa parafernália, havia um cajado e um saco repleto de presentes. Vestido com toda essa “traquitana” não conseguiu embarcar em nenhum coletivo que o levasse para casa. Até os taxistas, se recusaram em “fazer corrida” com um estranho Papai Noel. E foi assim que Claudionor, sem  alternativa, teve que seguir a pé para o seu lar. Após uma longa jornada, com o corpo arqueado sob o peso dos presentes e se derretendo em suor, sentiu necessidade de fazer um “pit stop”.  Ainda faltavam alguns quilômetros para a sua residência e o seu organismo não podia esperar mais. Ele que nunca havia quebrado regras, não teve escolha.
Claudionor distribuiu os presentes entre os seus amigos de cela. Caminhou pelos corredores da delegacia fazendo rôrôrô. Acompanhado por dois policiais, fez a alegria de toda a comunidade carcerária, que nunca tinha recebido a visita de um Papai Noel.
Ele foi preso, enquanto urinava na estátua de um famoso político. Atentado ao pudor, danos ao patrimônio público, contaminação ambiental foram alguns dos artigos que o delegado usou para manter Claudionor na prisão naquela noite de Natal.
Edison Borba


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