domingo, 11 de dezembro de 2011

O QUE ME FAZ FELIZ?

Com a chegada das festas de final de ano, muitos pensamentos emergem do baú das memórias e afloram em nossas cabeças. E foi desse arquivo que saiu a  lembrança de um trecho do livro “Quarto de Despejo”de autoria de Carolina Maria de Jesus, uma catadora de papel, moradora da favela do Canindé em São Paulo, que se tornou uma grande escritora brasileira. Seus livros foram traduzidos para diversos idiomas. Lamentavelmente, essa incrível mulher negra, de poucos conhecimentos escolares, tornou-se famosa e mundialmente conhecida pelos seus escritos, mas faleceu esquecida. O mundo dos negócios foi maior do que o seu talento.
Foi nesse livro que encontrei um trecho, que define felicidade de uma forma bastante singela. Carolina descreve o seu encantamento, ao ver a “banha” derretendo. Ela  descreve como, aquele produto dançava em círculos e gradativamente ocupava todo o fundo da panela. Não eram todos os dias que ela conseguia ter aquele alimento. Não era todo dia que ela podia contemplar aquele espetáculo. Ela nos emociona ao descrever a sua  felicidade diante de tão lindo espetáculo.
Para muitos de nós a felicidade seria poder contemplar o por do sol numa praia paradisíaca no Havaí. Sentir o vento no rosto, dirigindo um carro conversível, pelas estradas do interior da França, admirando belos castelos. Ou então, estar num cruzeiro marítimo a bordo de um luxuoso navio.
Felicidade é como a pluma que o vento leva, canta o poeta. Dura tão pouco, que quando a sentimos já a perdemos.
Abraçar alguém a quem amamos. Dar e receber aquele abraço apertado e forte, que até conseguimos sentir os pulsares dos corações.
Felicidade pode ser descalçar os sapatos e libertar os pés, após um dia de longas horas de trabalho. Deitar o corpo na cama e “sonolecar” por apenas alguns minutos aconchegado  junto às almofadas.
Esses dias um grande amigo, recém operado de uma cirurgia renal, descreveu a felicidade que ele sentiu em poder voltar a urinar sem dor. Ele o fez com tanta alegria, que todos os que ouviram seu relato, se encantaram com um simples ato fisiológico.
Felicidade em poder voltar ou em se sentir livre para embarcar. Ficar feliz por poder comprar aquela roupa nova. Mergulhar num mar de felicidade ao receber aquele telefonema. Dançar e pular por ter conseguido passar naquele exame. Chorar de prazer no dia da formatura.
Às vezes a felicidade nos assusta, e relembrando outro verso de uma linda canção “o que foi felicidade, hoje me mata de saudade”, descreve o medo de ser feliz.
Nesses dias que antecedem as festas de final de ano, construímos castelos, fazemos planejamentos em busca da “tal” felicidade que pode estar ao alcance de nossas mãos.
Talvez a felicidade esteja exatamente no ato de planejá-la. Dizem que o melhor do passeio não é a chegada, mas o caminho percorrido até se chegar ao local planejado.
Felicidade é um sentimento tão sutil e efêmero que nem percebemos quando ele está presente em nossos corações.
Seja derretendo a banha no fundo de uma frigideira, ou almoçando no mais luxuoso restaurante do mundo, o que nos faz feliz é algo não mensurável. É impossível de descrever. Não é palpável. Não tem sabor nem cor. Felicidade? O que me faz feliz? Nesse momento é estar escrevendo e deixando que minhas idéias voem até os mais distantes corações espalhados pelo mundo, e   compartilhar esse lindo sentimento entre muitas outras pessoas. Sejamos felizes!
Edison Borba




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