quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

PALMAS E PALMADAS

Nada é mais gratificante para um artista, do que as palmas. Ao final do espetáculo, o público de pé, aplaudindo freneticamente. Aplaudir é homenagear. As palmas migraram dos auditórios e atualmente, até nos cemitérios, elas são ouvidas, como homenagem e protesto pela morte de alguém. As palmas funcionam como um termômetro de sucesso.
Todos nós  ficamos felizes, quando somos aplaudidos, após apagarmos as “velinhas” do bolo de aniversário.   
Há tempos, uma música teve a sua letra contestada por fazer apologia  ao  “tapinha”. Mas qual seria a diferença entre palmas, tapas e tapinhas. Para qualquer uma dessas ações, as mãos são usadas. Quando aplaudem, as mãos da mesma pessoa batem uma contra a outra. Quanto maior a força do encontro entre as duas, maior é a homenagem prestada. Portanto, o sucesso é medido pela força das palmas.

Quanto a “tapinhas” ou tapas, a situação coloca as mãos ou a mão de uma pessoa indo de encontro ao rosto ou ao corpo de outra. Logo, a força empregada, pode significar punição machucando ou ferindo. Nada mais constrangedor, do que um “tapa” no rosto, que além de atingir fisicamente, fere a  integridade física e moral  de quem recebe tal agressão.

Os “tapinhas” aparecem, como uma forma de prazer entre pares e casais, que os utilizam durante os seus jogos de amor. A tão contestada frase – “um tapinha não dói” – nos leva a um reflexão sobre as diferentes formas de se encontrar prazer.

As palmadas referem-se ao local onde o tapa ou tapinha  são aplicados. Geralmente, é a região glútea a mais atingida. Durante anos, as palmadas foram usadas como um método de educação familiar. Poucas pessoas, com mais de vinte anos, nunca receberam uma palmada ou palmadinha, dada pelos pais, como uma forma de corrigir um erro. Apesar de se tratar de uma atitude agressiva, as palmadas ou palmadinhas eram gestos de carinho, relembradas por muitos adultos, como uma forma de amor.

O grande problema está na variação que essas atitudes passaram a ter. Palmadinhas ou palmadas não pode significar surras, agressões, castigos físicos e violência.

Estamos vivendo um momento complicado envolvendo as relações humanas. Nunca tantas agressões foram registradas pelas Delegacias de Polícia. As vítimas em sua maioria mulheres,  crianças e adolescentes, a fração mais frágil das sociedades, é que mais sofre.

O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei Maria da Penha foram criados para dar mais proteção a esse grupo social. Apesar de convivermos, ainda com muitos deslizes, o ECA e a LMP,  permitiram um amplo debate sobre situações até então vividas em segredo.

A “Lei da Palmada”, é bem vinda, mas  precisa ser cuidadosamente tratada, para não punirmos famílias bem constituídas onde o amor prevalece no dia-a-dia. Comparar famílias bem estruturadas a outras cujo desleixo se caracteriza pelo abandono total incluindo o afeto, pode ser perigoso.  “Deixar rolar” é tão cruel quanto o espancar. Precisamos encontrar o fiel da balança, o ponto de equilíbrio.

Que esse Projeto de Lei, possa levar a todos a uma reflexão ampla e abrangente. Da mesma forma que fica proibida a palmada, também se deve proibir a falta de educação adequada, a falta de atendimento médico, o abandono de crianças e jovens, o desvio de verbas para a merenda escolar, os baixos salários, a falta de alimentação nos lares, as agressões às mulheres entre tantos outros fatos que nos causam vergonha.

Temos que dizer não às agressões, principalmente àquelas dirigidas às crianças. Não as palmadas. Não aos tapas. Não aos tapinhas. Não as humilhações.

Que nossos políticos possam refletir o quanto, muitos deles, através de suas  atitudes, estão dando palmadas no povo há muito tempo, e até agora não houve ninguém para criar uma Lei proibindo esse tipo de agressão.

Salve o Mestre Gonzaguinha, com a sua forma linda de dizer o que todos nós almejamos para vivermos num mundo melhor!




É!
A gente quer valer o nosso amor
A gente quer valer nosso suor
A gente quer valer o nosso humor
A gente quer do bom e do melhor...

A gente quer carinho e atenção
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade...

É!
A gente não tem cara de panaca
A gente não tem jeito de babaca
A gente não está
Com a bunda exposta na janela
Prá passar a mão nela...

É!
A gente quer viver pleno direito
A gente quer viver todo respeito
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação...

É! É! É! É! É! É! É!...

Edison Borba

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