quarta-feira, 11 de junho de 2014

FAÇA-SE A LUZ!

        Muitos amores começaram sob a sua luz. Muitos lares foram alegrados pelo seu amarelado clarão. Em muitas fábricas, elas iluminaram os operários em suas produções diárias. Modelos fizeram pose sob a sua claridade. Muitas datilógrafas usaram-nas para não confundirem as teclas das suas lindas máquinas Remington.
Milhares de crianças nasceram sob a sua força e iluminação. Cartas de amor foram escritas, graças a sua claridade. Jantares luxuosos e pequenas refeições em lares modestos, também tiveram a honra da sua claridade. Nos salões de beleza, elas eram importantes. Nas vitrines a dona do espaço. Nas escolas, importantíssimas para alunos e professores enxergarem com clareza as lições.
Elas agora irão desaparecer dos mercados, dos tetos e dos abajures. Não estarão em volta dos espelhos nos camarins dos teatros.
Nos laboratórios, as descobertas não terão a sua luz. Elas serão proibidas de circular nas ruas, casas, fábricas, lojas e teatros. Das
escolas serão banidas. Desaparecerão de nossas vidas. 
As lâmpadas incandescentes de 60 watts, de  uso doméstico, as mais tradicionais no Brasil, ficarão no escuro para sempre. Só se acenderão  nas lembranças de nossa memória e na saudade dos mais velhos.
Namorados apaixonados  não terão seus beijos testemunhados por elas, às lâmpadas incandescentes sairão de circulação definitivamente. Não serão mais produzidas.
De agora em diante, a frase “faça-se a luz” será traduzida por outras lâmpadas mais sofisticadas e modernas, porém as queridas incandescentes e transparentes que nos deixavam ver no seu interior os filamentos de tungstênio viverão apenas e para sempre iluminando nossos corações.
Edison Borba
 

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