A nova mania de fazer “selfie” cresceu
rapidamente, como uma necessidade da busca pela identidade. É preciso fotografar “eu” sorrindo, “eu”cantando,
“eu”gritando, fazendo caretas, mostrando a língua, com amigos, sem amigos, na
multidão, em casa, com o cachorro e até “eu” chorando.
É possível, que após fazer tantas
fotos (selfie) de eu mesmo, e colocá-las lado a lado, ou quem sabe colar uma
nas outra eu possa ter noção de quem sou eu.
O grande problema, é que as máquinas
de “fazer” fotos, não conseguem radiografar o interior humano. As diversas faces
que eu demonstro, são mascaras que “eu” uso conforme a necessidade. Eu me faço
ser diferentemente, dependendo da ocasião. A possibilidade de expressar
facialmente emoções não sentidas é uma condição humana. Portanto, eu posso
passar a vida representado por faces, sem revelar meus verdadeiros sentimentos, sem
nunca demonstrar e nem saber quem sou.
Talvez, seja este o grande barato de
viver: inventar para cada dia, uma cara e exibi-la circunstancialmente, tocar a
vida, sem tentar mergulhar nas águas profundas. Ficar apenas na superfície,
deixando-se levar pelo balanço da maré.
Fazer “selfie” apenas dos momentos
agradáveis e felizes. Exibir os risos e sorrisos. Gargalhadas e risadas. Fazer caretas
da vida, postar no “face”e esquecer que tudo está pendurado por um tênue fio,
que poderá se partir a qualquer momento, como o que aconteceu com a jovem
americana, Collete Moreno, de 26 anos, que morreu oito minutos depois de tirar um
“selfie” dentro do carro a caminho de sua festa de despedida de solteira, no
Estado do Missouri, transformando-se na manchete:
“Noiva faz “selfie” pouco antes de morrer
em acidente de carro”.
Edison Borba
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