quarta-feira, 25 de junho de 2014

“SELFIE DA MORTE” (Quem sou eu?)

        A nova mania de fazer “selfie” cresceu rapidamente, como uma necessidade da busca pela identidade. É  preciso fotografar “eu” sorrindo, “eu”cantando, “eu”gritando, fazendo caretas, mostrando a língua, com amigos, sem amigos, na multidão, em casa, com o cachorro e até “eu” chorando.  
É possível, que após fazer tantas fotos (selfie) de eu mesmo, e colocá-las lado a lado, ou quem sabe colar uma nas outra eu possa ter noção de quem sou eu.
O grande problema, é que as máquinas de “fazer” fotos, não conseguem radiografar o interior humano. As diversas faces que eu demonstro, são mascaras que “eu” uso conforme a necessidade. Eu me faço ser diferentemente, dependendo da ocasião. A possibilidade de expressar facialmente emoções não sentidas é uma condição humana. Portanto, eu posso passar a vida representado por faces, sem  revelar meus verdadeiros sentimentos, sem nunca demonstrar e nem saber quem sou.

Talvez, seja este o grande barato de viver: inventar para cada dia, uma cara e exibi-la circunstancialmente, tocar a vida, sem tentar mergulhar nas águas profundas. Ficar apenas na superfície, deixando-se levar pelo balanço da maré.

Fazer “selfie” apenas dos momentos agradáveis e felizes. Exibir os risos e sorrisos. Gargalhadas e risadas. Fazer caretas da vida, postar no “face”e esquecer que tudo está pendurado por um tênue fio, que poderá se partir a qualquer momento, como o que aconteceu com a jovem americana, Collete Moreno, de 26 anos, que morreu oito minutos depois de tirar um “selfie” dentro do carro a caminho de sua festa de despedida de solteira, no Estado do Missouri, transformando-se na manchete:

      “Noiva faz “selfie” pouco antes de morrer em acidente de carro”.
Edison Borba

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