quinta-feira, 5 de junho de 2014

O MÁGICO MUNDO AZUL E BRANCO

             O mundo azul e branco, ocupou durante muito tempo o imaginário popular, provavelmente influenciado pela letra composta por Benedito Lacerda e interpretada por Nelson Gonçalves,  e sucesso nos anos cinquenta  fortalecida em 1986, quando Gilberto Braga, através da sua minisséria “Anos Dourados”, conta-nos a história de Lurdinha, uma jovem tijucana que luta contra o conservadorismo e  valores dos supostos anos dourados, para manter o seu romance com um jovem estudante, filho de uma mulher desquitada.
“Vestida de azul e branco
             Trazendo um sorriso franco
          No rostinho encantador”

As normalistas de azul e branco construíram uma imagem repleta de mistérios, a partir de algumas regras impostas pela educação dos anos cinquenta. Com  saias azul-marinho, pregueadas e sempre abaixo do joelho, blusas brancas de manga comprida, punhos dobrados, abotoaduras, gravata com broche, meias e sapato preto, desfilavam pelas ruas cobertas pelo misterioso, mas também glamuroso uniforme.

“Minha linda normalista
          Rapidamente conquista
          Meu coração sem amor”

Não bastasse a questão da roupa, que exigia das alunas, o uso de uma camiseta ou combinação que não deixasse transparecer a cor do sutiã, havia uma regra séria e que provocava muitos questionamentos: uma estudante de Escola Normal, futura professora do ensino infantil, só poderia se casar após o término do curso.
“Mas, a normalista linda
          Não pode casar ainda
          Só depois de se formar”

“Eu estou apaixonado
          O pai da moça é zangado
          E o remédio é esperar”

E através da voz de Nelson Gonçalves, o mundo inespugnável das normalistas, tornou-se um sonho e objeto de desejo de muitos homens. Cercadas pela segurança das famílias e das escolas, que por meio de seus altos muros, impedia que os rapazes invadissem através de seus olhares, o mundo encantado do azul e branco. 
O reduto das escolas normais foi durante muitos anos, divinizado, porque era o local que formava professoras doutas em muitos conhecimentos e virgens.
Essas imaculadas jovens transformaram-se em Julietas que esperavam pelos Romeus, que viriam resgatá-las após a formatura. Esta espera foi motivo para muitos dramas, brigas e lacrimogênias histórias de amor que até hoje inspiram lindos romances.

“Eu que trazia fechado
Dentro do peito guardado
Meu coração sofredor
Estou bastante inclinado
A entregá-lo ao cuidado
Daquele brotinho em flor”

Edison Borba

Um comentário:

  1. Querido Edison, fiz parte desse "mágico mundo azul e branco", imortalizado na canção intitulada Normalista, de David Nasser e Benedito Lacerda.Como eram bons aqueles tempos rsrsrs!!!!! Me surpreendi e envaideci vendo minha foto estampada na sua crônica. Obrigada. Beijos.

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